Muito além de um formulário
É muito comum quando estamos começando algum projeto sobre Design de Experiência do Usuário (o famoso UX Design) seja pelo viés acadêmico ou até mesmo profissional, nos depararmos com a solicitação de um preenchimento de formulário a fim de obter dados para sua pesquisa, aí cabe uma pergunta: “Será que isso é o suficiente ?”
Quando iniciamos uma pesquisa, devemos levar algumas coisas em consideração, tais como:
1 — Estou realmente atingindo meu público alvo com essa pesquisa ?
2 — As aptidões dos meus entrevistados podem afetar a acurácia da minha pesquisa ?
3 — Será que o MEU pré julgamento não pode afetar a pesquisa ?
Depois de considerar esses pontos, vamos prosseguir com a linha de raciocínio.
A partir do momento que geramos um survey e disparamos a esmo pelos grupos de redes sociais da vida, entramos em julgamento de que o mundo é composto apenas por essa esfera, ou seja, com acesso e aptidão tecnológica.
Para visualizar isso melhor, vou contar um caso real que aconteceu nos Estados Unidos em 1936. Por ser um ano eleitoral, uma das maiores revistas da época, a The Literary Digest, tinha por hábito realizar uma pesquisa de opinião pública para prever quem seria o próximo presidente. Então foi realizado uma pesquisa com aproximadamente 2,4 milhões de pessoas nos EUA, com uma proporção dessa a margem de certeza se torna quase que certa, não é mesmo ?
Com certeza, não. Acontece que a revista apurou que o candidato Republicano Alf Landon teria por volta de 57% dos votos enquanto o candidato Franklin Roosevelt ficaria com os outros 43%. Acontece que o método de pesquisa da revista abrangia apenas donos de carros e proprietários de linhas telefônicas, coisas que para a época era necessário se ter um elevado poder aquisitivo, o perfil padrão alinhado a ideologia Republicana, tornando assim a pesquisa tendenciosa.
O resultado disso foi uma vitória esmagadora de Franklin Roosevelt e a completa descredibilidade da revista. Entao o que isso nos ensina ?
Quando vamos conduzir uma pesquisa, devemos sempre escolher participantes que representem todos os nossos usuários e não apenas um seleto grupo.

Tendo absorvido esse acontecimento, venho falar de outra coisa que muitas vezes não são valorizadas ou sequer lembrada por alguns designers, o NBU (Next Billion Users).
Em uma tradução livre, seria algo como “O próximo bilhão de usuários” que nada mais é que o resultado do que o avanço tecnológico onde o acesso a tecnologia e a internet conseguiram chegar depois de muito tempo, o Google, um dos pioneiros nesse campo de pesquisa, prevê que em 2025 mais de um bilhão de pessoas terão seu primeiro contato com o smartphone, com hábitos diferentes da geração passada, a maioria não terá uma boa formação de estudo e/ou sua exposição à tecnologia é mais limitada do que aqueles que já usam smartphones, e muitos não têm confiança em como usar seus dispositivos. Então será necessário entender como o design deve se comportar para garantir que essas pessoas tenham a melhor experiência possível em sua navegação, afinal estamos falando de nossos futuros consumidores.
Agora Matheus, porque você escreveu tudo isso ?
Eu fiz esse artigo para mostrar que em uma pesquisa, quantidade nem sempre é sinônimo de qualidade e que nossos usuários possuem os mais diversos perfis. E é nosso dever como designers que todos tenham a melhor experiência possível.
Bibliografia:
- Freedman, David; Pisani, Robert; Purves, Roger (2007). Statistics (4th ed.). New York: Norton. ISBN 0–393–92972–8.
- ^ Jump up to:a b “Press: Digest Digested”. Time. 23 May 1938. Retrieved 8 March 2010.
- ^ “A word a day Man: a biography”. Biographical essay. Centre d’études du 19e siècle français Joseph Sablé. Archived from the original on 6 August 2010. Retrieved 18 October 2010.
- ^ “Ewing Galloway Collection of Photographs”. Special Collections Research Center. Syracuse University Library. Retrieved 4 June 2013.
- ^ Straw Vote Fight Arouses Interest The Pittsburgh Press; November 2, 1936
- ^ Jump up to:a b Freedman, et al.: 335–336
Compactado em: The Literary Digest — Wikipedia